MEDITAÇÕES DIÁRIAS: PRIMEIRA SEMANA APÓS A EPIFANIA

Meditação matinal:  O CORPO NO TÚMULO

     Alma cristã, siga o conselho de São Crisóstomo: "Vá para o túmulo. Contemplem lá o pó, as cinzas, os vermes - e suspirem!" Ó Deus, esse corpo mimado com tantas iguarias, vestido com tanta pompa - veja a que ele foi reduzido! Os vermes, depois de terem consumido toda a carne, devoram uns aos outros e, no final, não resta nada além de um esqueleto fétido.

Meditação I:
     Observe como o cadáver primeiro fica amarelo e depois preto. Depois, todo o corpo é coberto por um bolor branco e repugnante; em seguida, surge um lodo pegajoso e fétido que flui para a terra. Nessa massa pútrida é gerada uma grande quantidade de vermes que se alimentam da carne. Os ratos vêm se banquetear com o corpo; alguns o atacam por fora; outros entram pela boca e pelos intestinos. As bochechas, os lábios e os cabelos caem. Primeiro, as costelas são desnudadas e, depois, os braços e as pernas. Os vermes, depois de consumir toda a carne, devoram uns aos outros e, no final, não resta nada além de um esqueleto fétido que, com o passar do tempo, se desfaz em pedaços. Os ossos se separam uns dos outros e a cabeça se separa do corpo.  Eles se tornaram como a palha de uma eira de verão e foram levados pelo vento. - (Dan. ii., 35).
     Veja um jovem nobre que era a vida e a alma da conversa: onde ele está agora? Entre em seu apartamento: ele não está mais lá. Se procurar sua cama, suas vestes ou sua armadura, verá que passaram para as mãos de outros. Se quiser vê-lo, volte-se para o túmulo, onde ele se transformou em corrupção e ossos secos. Ó Deus, esse corpo, mimado com tantas iguarias, vestido com tanta pompa e atendido por tantos servos, a que está reduzido agora? Ó santos, que sabíeis mortificar vossos corpos por amor ao Deus que só vós amastes nesta terra, compreendíeis bem o fim de toda grandeza humana, de todas as delícias terrenas! Agora, seus ossos são honrados como relíquias sagradas e preservados em santuários de ouro, e suas almas estão felizes no gozo de Deus, aguardando o último dia em que seus corpos serão feitos parceiros de sua glória, assim como foram participantes de sua cruz nesta vida. O verdadeiro amor pelo corpo consiste em tratá-lo aqui com rigor e desprezo, para que no futuro ele possa ser feliz, e em recusar-lhe agora todos os prazeres que possam torná-lo miserável por toda a eternidade.
     Veja, então, ó meu Deus, a que este corpo, com o qual tanto Te ofendi, deve ser reduzido! Aos vermes e à podridão! Isso não me aflige; pelo contrário, alegro-me com o fato de que esta minha carne, que me fez perder a Ti, meu Soberano Bem, um dia apodrecerá e será consumida. O que me aflige é o fato de que, para me entregar a esses prazeres miseráveis, eu tenha desagradado tanto a Ti. Mas não vou me desesperar com Tua misericórdia. O Senhor esperou por mim para me perdoar. Tu me perdoarás se eu me arrepender. Ó Bondade Infinita, eu me arrependo de todo o meu coração por ter Te desprezado. Direi com Santa Catarina de Gênova: Meu Jesus, chega de pecados! Chega de pecados!  Não abusarei mais de Tua paciência. Não esperarei até a hora da morte para começar a Te amar. A partir deste momento, eu Te amo. Eu Te abraço e me uno a Ti, e prometo nunca mais me afastar de Ti. Ó Virgem Santíssima, prenda-me a Jesus Cristo e obtenha para mim a graça de nunca mais perdê-Lo.

Meditação II:


Leitura espiritual:  PECADO ORIGINAL


Meditação noturna:  A GRANDE DIGNIDADE E AS VANTAGENS DE UMA ALMA NA GRAÇA DE DEUS

Meditação I: 

Meditação II: 

Meditação matinal: A SENTENÇA DE MORTE

     Quem é o homem que viverá e não verá a morte?  A sentença já foi proferida. O fogo, a água, a espada e o poder dos príncipes, diz Santo Agostinho, podem ser resistidos, mas morte - quem resistirá a ela?  Aos homens está ordenado morrerem uma vez.

Meditação I:
     A sentença de morte foi escrita contra todos os homens. Você é um homem, portanto, deve morrer. "Nossas outras coisas boas e más", diz Santo Agostinho, "são incertas; somente a morte é certa". É incerto se o bebê que acaba de nascer será rico ou pobre; se terá boa ou má saúde; se morrerá na juventude ou na velhice. Mas é certo que ele morrerá. O golpe da morte cairá sobre todos os nobres e monarcas da Terra. Quando a morte chega, não há poder terreno capaz de resistir a ela. Santo Agostinho diz: "O fogo, a água, a espada e o poder dos príncipes podem ser resistidos, mas mortequem resistirá a ela?" Conta-se que, no final de sua vida, um certo rei da França disse: "Com todo o meu poder, não posso induzir a morte a esperar mais uma hora por mim." Quando o fim da vida chega, ele não é adiado um único momento.  Tu estabeleceste os seus limites, que não podem ser ultrapassados. - (Jó xiv., 5).
     Caro cristão, ainda que você viva tantos anos quanto espera, chegará um dia, e nesse dia uma hora, que será a última hora para você. Para mim, que estou escrevendo agora, e para você que lê este pequeno livro, foi decretado o dia e o momento em que não mais escreverei e você não mais lerá.  Quem é o homem que viverá e não verá a morte? - (Sl. lxxxviii., 49). A sentença já foi proferida.
     Infeliz de mim, que passei tantos anos apenas ofendendo-Te, ó Deus da minha alma. Eis que esses anos já se passaram: a morte talvez esteja próxima, e o que encontro além de dores e remorso de consciência? Oh, se eu sempre tivesse servido a Ti, meu Senhor! Tolo que tenho sido! Vivi tantos anos nesta terra e, em vez de adquirir méritos para o céu, sobrecarreguei minha alma com dívidas para com a justiça divina. Ah, meu querido Redentor, dê-me luz e força agora para ajustar minhas contas. Talvez a morte não esteja longe. Desejo me preparar para aquele grande momento que decidirá minha felicidade ou miséria eterna. Agradeço-Te por ter esperado por mim até agora; e já que me deste tempo para reparar o passado, dize-me, ó meu Deus, o que devo fazer por Ti. O Senhor deseja que eu chore pelas ofensas que ofereci a Ti? Sinto muito por elas e as detesto com toda a minha alma. Deseja que eu passe os anos e dias restantes de minha vida amando-O? Desejo fazer isso, ó Deus; até agora, resolvi fazer isso com frequência, mas violei minhas promessas. Receba de volta o traidor que agora se lança aos Teus pés com tristeza, que Te ama e pede Tua misericórdia.

Meditação II:


Leitura espiritual:  PECADOS REAIS


Meditação noturna:  A MISÉRIA DE UMA ALMA EM PECADO

Meditação I: 

Meditação II: 

Meditação matinal:  "ONTEM PARA MIM, HOJE PARA VOCÊ"

     Quem pode dizer se será em um ano, em um mês, em uma semana ou mesmo se você estará vivo amanhã? "Ontem para mim, hoje para ti." Ó meu Jesus, me dê luz e me perdoe.

Meditação I:
     Ele é nomeado.  É certo, portanto, que todos nós estamos condenados à morte. Cipriano diz que nascemos com o cabresto no pescoço, e cada passo que damos nos aproxima da morte. Assim como seu nome foi um dia inserido no Registro de Batismos, também será um dia escrito nos registros dos mortos. Assim como ao falar daqueles que já partiram, você diz: Deus seja misericordioso com meu pai, com meu tio, com meu irmão, - assim outros dirão o mesmo de vocês. Assim como vocês ouviram o sino da morte tocar para muitos, outros o ouvirão tocar para vocês.
     Mas o que você diria se visse um homem a caminho do local da execução, brincando, rindo, olhando em todas as direções e pensando apenas em comédias, festividades e diversões? E você não está agora a caminho da morte? Quais são os objetos de seus pensamentos? Contemplem naquele túmulo seus amigos e parentes que já foram condenados pela justiça. Quão grandes são o terror e o desânimo de um homem condenado à morte, quando ele vê seus companheiros pendurados mortos na forca! Olhem, então, para esses cadáveres. Cada um deles diz a você: Ontem para mim; hoje para você. - (Ecclus. xxxiii., 23). O mesmo lhe é dito pelos retratos de seus parentes falecidos, pelos livros de anotações, pelas casas, pelas camas, pelas roupas que eles deixaram. Ontem para mim! Hoje para você!
     Meu amado Redentor, eu não me atreveria a comparecer diante de Ti, se não Te visse pendurado na cruz, dilacerado, desprezado e sem vida, por amor a mim. Minha ingratidão foi grande, mas Tua misericórdia é ainda maior. Meus pecados foram muito graves, mas Teus méritos excedem a enormidade deles. Tuas feridas, Teu sangue e Tua morte são minha esperança. Eu merecia o inferno por meu primeiro pecado; a esse pecado acrescentei tantas outras ofensas. E Tu não apenas preservaste minha vida, mas também me convidaste ao perdão e me ofereceste a paz com tanta misericórdia e tanto amor. Como posso temer que o Senhor me rejeite, agora que eu O amo e não desejo nada além de Sua graça? Sim, meu querido Senhor, eu Te amo com todo o meu coração e desejo apenas Te amar. Eu Te amo e sinto muito por ter Te desprezado, não tanto por ter merecido o inferno, mas por ter Te ofendido, meu Deus, que me amou com tanta ternura.

Meditação II:


Leitura espiritual:  "NÃO TERÁS DEUSES ESTRANHOS DIANTE DE MIM" - (Êxodo xx., 3)


Meditação noturna:  O PECADOR INSULTA A DEUS

Meditação I: 

Meditação II: 

Meditação matinal:  MEMENTO MORI! LEMBRE-SE DA MORTE!

     Oh, quão corretamente os homens avaliam as coisas e quão bem direcionadas são suas ações, cujos julgamentos são formados e cuja conduta é regulada em vista da morte! "Considere o fim da vida", diz São Lourenço Justiniano, "e você não amará nada neste mundo".

Meditação I:
     A morte é certa. Mas, ó Deus, essa verdade os cristãos conhecem, eles acreditam e veem; e como podem ainda viver tão esquecidos da morte, como se nunca tivessem que morrer? Se depois desta vida não houvesse nem inferno nem céu, eles poderiam pensar menos nisso do que pensam agora? É esse esquecimento que os faz levar uma vida tão perversa. Se você deseja viver bem, passe os dias restantes da vida com a morte diante de seus olhos.  Ó morte, sua sentença é bem-vinda. - (Ecclus. xli., 3). Oh, quão corretamente os homens avaliam as coisas, e quão bem direcionadas são suas ações, cujos julgamentos são formados e cuja conduta é regulada em vista da morte! "Considere o fim da vida", diz São Lourenço Justiniano, "e você não amará nada neste mundo".  Tudo o que há no mundo é a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. - (1 João, ii., 16). Todos os bens desta terra são reduzidos aos prazeres dos sentidos, às riquezas e honras. Mas tudo isso é prontamente desprezado pelo homem que considera que, depois de ser o alimento dos vermes na sepultura, ele logo será reduzido a pó.
     E, na realidade, foi em vista da morte que os santos desprezaram todos os bens desta terra. São Carlos Borromeu mantinha em sua mesa um crânio para que pudesse contemplá-lo continuamente. O Cardeal Baronius tinha inscrito em seu anel as palavras, Memento Mori! Lembre-se da morte!  O Venerável Padre Juvenal Ancina, Bispo de Saluzzo, mandou escrever este lema em um crânio: "O que você é, eu era; e o que eu sou, você será". Quando perguntaram a um santo eremita, ao morrer, como ele podia estar tão alegre, ele respondeu: "Sempre mantive a morte diante de meus olhos e, portanto, agora que ela chegou, não vejo nada de novo nela."
     Então, com a morte, tudo terá chegado ao fim para mim! Então, encontrarei apenas o pouco que fiz por Ti, ó meu Deus, e o que estou esperando! Será que vou esperar até que a morte chegue e me encontre tão miserável e contaminado pelo pecado como estou agora? Se eu fosse agora chamado para a eternidade, morreria com grande inquietação por causa de meus pecados passados. Não, meu Jesus, não morrerei em um estado tão triste. Eu Te agradeço por ter me dado tempo para chorar por minhas iniqüidades e Te amar. Quero começar a partir deste momento. Sinto muito, do fundo do meu coração, por tê-Lo ofendido, ó Soberano Bem, e eu O amo acima de todas as coisas - eu O amo mais do que a minha vida.

Meditação II:


Leitura espiritual: 


Meditação noturna:  AQUELE QUE AMA A DEUS DEVE AMAR, E NÃO ABOMINAR, A MORTE

Meditação I: 

Meditação II: 

Meditação matinal:  "PARA QUE SERVE SUA VIDA?"

     Os mundanos consideram felizes apenas aqueles que desfrutam dos prazeres, das riquezas e das pompas desta terra. Mas a morte põe fim a todos esses bens terrenos.  Pois o que é sua vida? É um vapor que aparece por um pouco de tempo. Ó meu Jesus, quantas vezes, por causa dos miseráveis prazeres e bens desta terra, eu Te ofendi e perdi a Ti, que és um Bem Infinito!

Meditação I:
     Pois o que é sua vida? É um vapor que aparece por um pouco de tempo. - (Tiago iv., 15). Os vapores exalados da terra, quando elevados no ar e revestidos pela luz do sol, têm uma aparência esplêndida, mas quanto tempo dura esse esplendor? Ele desaparece antes da primeira rajada de vento. Veja aquele nobre: hoje lisonjeado, temido e quase adorado; amanhã morto, desprezado, injuriado e pisoteado. Na morte, devemos deixar todas as coisas. O irmão daquele grande servo de Deus, Thomas à Kempis, gostava de falar de uma bela casa que ele havia construído para si mesmo: um amigo lhe disse que ela tinha um grande defeito. "Qual é?", perguntou ele. "É", respondeu o outro, "que você fez uma porta nela". "O quê!", replicou o irmão de À Kempis, "uma porta é um defeito?" "Sim", respondeu o amigo; "porque por essa porta você deve um dia ser levado morto e deve deixar a casa e tudo o mais".
     Em uma palavra, a morte despoja o homem de todos os bens deste mundo. Oh, que espetáculo ver um príncipe ser banido de seu palácio para nunca mais voltar a ele; e ver outros se apoderarem de seus móveis, seu dinheiro e todos os seus outros bens! Os servos o deixam no túmulo com uma roupa que mal dá para cobrir seu corpo. Não há mais ninguém que o estime ou bajule, ninguém que atenda às suas ordens. Saladino, que havia adquirido muitos reinos na Ásia, deu instruções ao morrer para que, quando seu corpo fosse levado ao local do sepultamento, uma pessoa fosse à frente, segurando um lençol suspenso em um poste, e gritasse em voz alta "Isto é tudo o que Saladino leva com ele para o túmulo".
     Meu Senhor, já que Tu me dás luz para saber que tudo o que o mundo estima é fumaça e loucura, concede-me forças para desapegar meu coração dos bens terrenos antes que a morte me separe deles. Miserável que eu tenha sido! Quantas vezes, por causa dos prazeres e bens miseráveis desta terra, ofendi e perdi a Ti, que és um Bem Infinito! Ó Jesus, meu Médico celestial, lança Teus olhos sobre minha pobre alma, olha para as muitas feridas que lhe infligi com meus pecados e tem piedade de mim.  Se você quiser, pode me deixar limpo. - (Mt. viii., 2). Sei que o Senhor é capaz e está disposto a me curar; mas, para me curar, o Senhor deseja que eu me arrependa das ofensas que cometi contra o Senhor. Sinto muito por elas do fundo do meu coração. Cure-me, então, agora que está em Seu poder me curar.  Curai a minha alma, pois pequei contra vós. - (Sl. xl., 5).

Meditação II:


Leitura Espiritual: AS COISAS QUE DEVEMOS SABER E CRER

Alguns são necessários por necessidade de meios e outros por necessidade de preceito

     Há alguns artigos em que se pode acreditar necessidade de meios sem os quais não podemos obter a salvação; outros por necessidade de preceito. A necessidade de significa implica que, se não acreditarmos em certas Regras de Fé, não poderemos ser salvos. A necessidade de preceito significa que devemos acreditar em certos outros artigos propostos pela Igreja, mas se acontecer de não os conhecermos por ignorância invencível, seremos absolvidos do pecado e poderemos ser salvos.

     1. Saber e acreditar que existe um Deus e que Ele é um justo recompensador da virtude e punidor do vício é certamente necessário como meio de salvação, ....


Meditação noturna:  JESUS SATISFAZ NOSSOS PECADOS

Meditação I: 

Meditação II: 

Meditação matinal:  A FÉ DE MARIA

     São Leão aplica à Nossa Senhora as palavras de Provérbios: Sua lâmpada não se apagará durante a noite. Quando os discípulos duvidaram, ela não duvidou. Ela viu Jesus chorar e acreditou que Ele era a Alegria do Paraíso. Ela O viu na morte, desprezado e crucificado, e embora a fé tenha vacilado em outros, Maria permaneceu firme na crença de que Ele era Deus. Ó Virgem Maria, aumente nossa fé!

Meditação I:
     Assim como a Santíssima Virgem é a Mãe do santo Amor e da Esperança, ela também é a Mãe da Fé: Sou a mãe do amor justo, do medo, do conhecimento e da santa esperança. - (Ecclus. xxiv., 24). E com razão é assim, diz Santo Irineu, pois "o mal causado pela incredulidade de Eva foi remediado pela fé de Maria". Isso é confirmado por Tertuliano, que diz que Eva, por ter acreditado na serpente, contrariando a garantia que havia recebido de Deus, trouxe a morte ao mundo; mas nossa Rainha, por ter acreditado no Anjo quando ele disse que ela, permanecendo virgem, se tornaria a Mãe de Deus, trouxe a salvação ao mundo. Pois Santo Agostinho diz que "quando Maria consentiu na encarnação do Verbo Eterno, por meio de sua fé, ela abriu o céu aos homens". Ricardo de São Lourenço, sobre as palavras de São Paulo, pois o marido incrédulo é santificado pela esposa crente - (Cor. vii., 14), diz que "Maria é a mulher crente por cuja fé o incrédulo Adão e toda a sua posteridade foram salvos". Portanto, por causa de sua fé, Isabel chamou a santa Virgem de bem-aventurada: Bem-aventurado é você que creu, porque em você se cumprirão as coisas que foram ditas pelo Senhor. - (Lucas i., 45). E Santo Agostinho acrescenta que Maria foi mais abençoada ao receber a fé de Cristo do que ao conceber a carne de Cristo.
     O Padre Suarez diz que a Santíssima Virgem tinha mais fé do que todos os homens e anjos. Ela viu seu Filho no presépio de Belém e acreditou que Ele era o Criador do mundo. Ela o viu fugir de Herodes e ainda assim acreditou que Ele era o Rei dos reis. Ela O viu nascer e acreditou que Ele era eterno. Ela O viu pobre e necessitado de alimento, e acreditou que Ele era o Senhor do universo. Ela O viu deitado sobre a palha e acreditou que Ele era Onipotente. Ela observou que Ele não falava e acreditou que Ele era a Sabedoria Infinita. Ela O ouviu chorar e acreditou que Ele era a Alegria do Paraíso. Por fim, ela O viu na morte, desprezado e crucificado, e, embora a fé vacilasse em outros, Maria permaneceu firme na crença de que Ele era Deus.
     Sobre essas palavras do Evangelho, estava ao lado da cruz de Jesus, sua mãe - (João xix, 25), Santo Antonino diz: "Maria foi sustentada por sua fé, que ela manteve firme na divindade de Cristo". E por essa razão, acrescenta o Santo, que no ofício de Tenebrae apenas uma vela é deixada acesa. São Leão, sobre esse assunto, aplica à Nossa Senhora as palavras dos Provérbios, Sua lâmpada não se apagará durante a noite. - (Prov. xxxi., 18).
     Portanto, Maria mereceu, por sua grande Fé, tornar-se "a luz de todos os fiéis", como a chama São Metódio, e a "Rainha da verdadeira Fé", como é chamada por São Cirilo de Alexandria. A própria Santa Igreja atribui aos méritos da Fé de Maria a destruição de todas as heresias: "Alegra-te, ó Virgem Maria, porque só tu destruíste todas as heresias do mundo".

Meditação II:


Leitura espiritual:  PROVAS DA VERACIDADE DE NOSSA FÉ


Meditação noturna:  A PACIÊNCIA DE DEUS COM OS PECADORES

Meditação I: 

Meditação II: